A educação alternativa é um sopro de liberdade, um sussurro no meio do tumulto da educação tradicional. Convida os pais e os educadores a saírem dos circuitos habituais, a cultivarem espaços de despertar onde a criança já não é um recetáculo, mas um ator da sua própria aprendizagem. No entanto, como em qualquer viagem fora dos circuitos habituais, é natural que haja erros. Aqui estão os cinco erros a evitar para que a filosofia da educação alternativa seja plenamente respeitada.

Confundir a liberdade com a ausência de enquadramento

No vasto domínio da educação alternativa, a liberdade é um princípio fundamental. Mas esta liberdade preciosa pode transformar-se num caos se não for acompanhada de um enquadramento claro. Dar às crianças a possibilidade de escolherem as suas actividades ou de seguirem as suas paixões não significa que não devam ter limites. Um enquadramento é como a margem de um rio: guia sem limitar, apoia sem restringir.

Demasiadas vezes, no seu zelo benevolente, alguns adultos confundem a ausência de constrangimento com a ausência de estrutura. No entanto, é num ambiente claro e seguro que as crianças podem desenvolver-se plenamente, explorar e criar.

Querer controlar todas as fases da aprendizagem

A educação alternativa baseia-se frequentemente numa profunda confiança na capacidade natural da criança para aprender. Maria Montessori resumiu-o da seguinte forma: 

“Ensina-me a fazer as coisas sozinho”.

No entanto, é tentador para os pais e educadores intervir com demasiada frequência, para corrigir, orientar ou tentar acelerar um processo.

Ao tentarmos demasiado, corremos o risco de sufocar o desejo de aprender, de transformar uma descoberta espontânea numa obrigação imposta. O erro é acreditar que se pode “controlar” a aprendizagem. Mas a aprendizagem está viva e segue os seus próprios ritmos, por vezes imprevisíveis. Confiar nesta dinâmica significa respeitar a própria essência da educação alternativa.

Idealizar a educação alternativa ao ponto de esquecer a sua realidade

A educação alternativa é um sonho. Faz lembrar imagens de crianças absorvidas em actividades emocionantes, de famílias unidas numa busca comum de sentido, de lugares onde a aprendizagem se processa com alegria e harmonia. Mas a realidade é muitas vezes mais contrastada.

Pode haver dias em que a criança se recusa a aprender, momentos de dúvida, tensões entre diferentes abordagens educativas. A idealização da educação alternativa pode tornar-se um fardo se nos impedir de aceitar estas imperfeições. A educação, seja ela qual for, continua a ser um caminho marcado por dificuldades e aprendizagens, tanto para a criança como para o adulto.

Subestimar a importância da preparação dos adultos

A educação alternativa exige um empenhamento profundo por parte do adulto. Os adultos não são apenas guias ou modelos: são também eternos aprendizes. Maria Montessori dizia:

“Antes de educar uma criança, temos de nos educar a nós próprios”.

O erro é acreditar que as crianças podem fazer tudo sozinhas, sem o apoio atento de um adulto que questiona, observa e reflecte sobre o seu próprio comportamento. O adulto deve estar presente mas não intrusivo, tranquilizador mas não opressivo. Esta presença exige uma grande capacidade de autoanálise e um desejo constante de evoluir.

Ignorar a singularidade de cada criança

Cada criança é única. Esta frase, muitas vezes repetida, assume todo o seu significado no contexto da educação alternativa. No entanto, é fácil cair na armadilha das “receitas milagrosas”, de acreditar que um método – por mais maravilhoso que seja – serve para todas as crianças.

A educação alternativa consiste em observar, ouvir e adaptar-se. O que funciona para uma criança pode ser um obstáculo para outra. Ignorar esta singularidade é perder a própria essência desta abordagem: acolher cada criança tal como ela é, com as suas forças, fraquezas, sonhos e necessidades.

Uma educação em busca de equilíbrio

A educação alternativa é uma dança subtil entre liberdade e estrutura, sonho e realidade. Incita-nos a questionar as nossas certezas, a sair das nossas zonas de conforto e a crescer com os nossos filhos.

Mas para que esta dança seja harmoniosa, devemos manter-nos vigilantes, prontos a questionar as nossas escolhas e as nossas posições. Um erro não é um fracasso, mas um convite para aprender. Porque, afinal, a educação alternativa não é apenas uma dádiva que damos aos nossos filhos: é uma transformação que também nós estamos a viver enquanto adultos.

Escrito por Alexandrina Cabral

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